18.dez.2025



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O médico precisa estar inteirado das relações da sua ciência, ou da sua profissão, com essas outras atividades, algumas delas prejudiciais ao exercício, por ele, da sua profissão ou ao cultivo, por ele, da sua ciência, como uma profissão ou uma ciência a que não pode faltar sentido ético.

Gilberto Freyre (Médicos, Doentes e Contextos Sociais)

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A Medicina da Pessoa - Danilo Perestrello
por Luiz Roberto Londres

1- Em sua opinião que tipo de influência teve Perestrello no meio médico de sua época?

Como acontece com todo clarividente e com todo bom vinho o reconhecimento e a influência de Perestrello teve, em sua época, a importância de uma semente. Uma semente gerando uma árvore com ramos e flores, flores essas, por sua vez, fecundando com dificuldade um solo que se encontrava em uma crescente aridez e que se tornava, aos poucos, um desolado deserto: o solo do humanismo na Medicina. À medida que a árvore se tornava frondosa, o solo se enriquecia, cada vez mais fértil e nele novas sementes germinavam. A sombra, crescia e é à sombra que podemos entender melhor a aridez em que se vivia. A necessidade de sobreviver fazia com que as atenções se voltassem apenas para a melhoria possível das condições dessa aridez. Não se pensava em recorrer à sombra, pois sombra era coisa do passado. Mas a semente plantada por Perestrello torna-se uma bela floresta e passa a ser reconhecida. Ah! As plantas espinhosas sentem falta da aridez que, aos poucos, abandona o solo em que vivem.

2- O que você pensa sobre o livro Medicina da Pessoa? Ele ainda é importante para o estudante de Medicina de hoje ou para o médico em geral?

Uma Bíblia e um Dom Quixote! E também um texto de Shakespeare, um quadro de Van Gogh, um poema de Dante, um pensamento de Goethe, uma Sinfonia de Beethoven. O que eu quis dizer? Duas coisas: uma obra de arte que se consolida com o tempo e pelo tempo se torna conhecida e um forte chamado para que a Medicina deixe o "surrealismo" da tecnologia e volte a privilegiar o seu campo, tão mais simples, tão mais efetivo, o campo do encontro pessoal, o campo eminentemente humano. Uma obra cuja importância para o estudante ou para o médico em geral cresce à medida que o clamor pelo humanismo de quem pratica se junta aos clamores por economia de quem paga e por satisfação de quem usa.

3- Como você define a Medicina da Pessoa?

Como um pleonasmo! Como se tivéssemos que dizer a Botânica dos Vegetais ou a Veterinária dos Animais. Falava Nelson Rodrigues da dificuldade de se enxergar o óbvio ululante. Pois bem, Perestrello viu! E eu tive a honra de ver Perestrello e com ele conviver; por um breve período, é verdade, mas que definiu e coloriu minha visão da Medicina, tanto a que eu praticava quanto a procuro construir institucionalmente. Perestrello reinventou a prática médica provocando um moderno retorno ao passado, um vôo mais alto em direção às raízes da Medicina. Aprendi com ele e com Abram Eksterman a diferença entre corpos e pessoas, entre biologia e biografia, entre o isolamento individual e a criação do elo que une duas pessoas, que une o eu e o outro, que une o médico e seu paciente.


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